segunda-feira, 30 de novembro de 2009

E todos se regozijaram?

Por HENRIQUE PERAMA

O jornalista é tal qual aquilo que a empresa para a qual trabalha se propõe a propagar. Isso não significa que todos serão, mas sim que será contratado aquele que se adaptar à linha. Se o espaço editorial for disputado apenas ou em maioria por publicações com conteúdo de qualidade contestável, assim será a caracterização desses profissionais daqui para frente. Enquanto outros tipos de talento e genialidade forem dispensados em favor dessa tendência, não haverá opções diferentes para se obter informação.

Não sou esquerdista, não sou punk, não sou "nação contra governo". SOU contra a mesmice e a cegueira decorrente dela.

Dica: Prestar atenção em quem está sendo colocado no comando e nas funções que delegam. Cuide também daquele que seleciona.

Reclamar dos periféricos é demasiado covarde.


CONSTATAÇÃO ENTRISTECEDORA

Hoje temos muita mídia e muitos tipos de público.
Não sabíamos, mas muitos dos que recebiam informação de qualidade no passado honroso do jornalismo não se importam com verdade ou precisão da notícia. Recebem daqui, dalí, de outro e de outro, comenta-se as incoerências e pronto. No fim, a exigência de qualidade torna-se pura particularidade de públicos específicos.

A multiplicidade - nesse caso, o excesso - de meios permite que cada um busque o que quer e ignore o que outros empurram-lhe adentro, mesmo que continue dando pontos a esses ignorados. Para esses, que são muitos e somam nos índices de audiência, basta ter algo para citar na fila da lotérica ou no balcão da padaria: "Cê viu ontem, o negócio lá do fulano que fez tal e foi pêgo?".

Pronto, ficou fácil, pouco se seleciona. Tudo virou entretenimento e todos se regozijaram.


*Em homenagem ao provocatico "Mundo dos Jornalistas", um dos meus maiores guias espirituais, da autoria de Ayne Salviano.

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Culto&Grosso: Mostre isso aqui p'ra eles!

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