Ele devia ser grande mas o querem menor, bonitinho.
Ele é enorme, mas há quem o queira dentro de um apartamento, ao alcance dos olhos e passível de cuidados.
A arte japonesa nos permite trazer uma árvore inteira às mãos, olhá-la por todos os ângulos, ver o topo de sua copa sem precisar estar “por cima”. Mas quem a escolhe também abstém-se da sombra, do balanço de corda e pneu. Abstém-se de encostar-se ao tronco e de ver a copa, por baixo.
O filho mais sábio de Deus preferiu cuidar do quintal e deixá-lo bonito, agradável, sustentável. Quis enxergar todo um planeta como um bebê de colo, quis limpá-lo, vesti-lo, tatuá-lo, esfoliar sua pele, passar-lhe adstringente e cobri-lo de novo, como acha apropriado.
Conseguiu convencer-se de que é capaz de envasar o mundo, controlar seu crescimento, impedir que envelheça e morra.
Esqueceu-se que
Bonsai* é belo, mas é arte. Como é possível respeitar a Mãe Natureza se o Homem quer preservar o Meio Ambiente?
* A referência ao Bonsai, técnica de cultivo em que plantas são podadas sistematicamente para desenvolverem-se em tamanho reduzido, é apenas ilustrativa, como metáfora sobre a capacidade humana de dominar a natureza. Não há intenção do autor ou deste provedor de conceber qualquer forma de desrespeito ou depreciação da citada arte oriental, nem de agregar ou associar, à mesma, qualquer valor ou idéia reprovável.